quarta-feira, março 09, 2011

Coisas que não deveriam passar



Saudade daqueles dias em que você segurava minha mão e nós andávamos ora conversando abrobrinhas, ora cantando por aí, tão concentradas no nosso mundo louco e divertido. As risadas eram frequentes, a cumplicidade e o companheirismo abraçava-nos carinhosamente, num abraço quente que não tinha fim, mas um dia teve. E aqueles momentos em que eu suspirava desconsolada? Você já entendia que eu não estava bem. - O que foi Taty?. Você dizia. Entendia minhas angústias. E eu? Eu tentava estar à sua altura, admirava sua inteligência e sabedoria, eu só não entendia porque você não as usava em benefício próprio, achava isso tão engraçado. Você me emprestou um pouco da sua sensibilidade, fez-me relembrar sentimentos que eu tinha esquecido, ou melhor, que eu tinha deixado de lado. Você transformou meu mundo preto e branco em uma mistura de cores interessantes e em constante movimento, feito carrossel...

Saudade das horas de conversas empolgantes que nem o sono fazia ficar desinteressante, dos segredos compartilhados, dos sonhos e planos para o futuro que combinávamos cumprir e contar depois, dos desabafos tão preciosos, dos delírios um do outro que só nós sabemos, daquilo que eu sentia enquanto nós conversávamos, aquele sentimento de... eu nem sei dizer. Dos conselhos que eu procurava seguir tão assiduamente...

Saudade dos dias de fazer tudo juntas, e falar mal dos outros juntas (não vem não que todo mundo faz isso). Saudade de ouvir os teus pensamentos assustadores que de vez em quando você compartilhava. Da tua risada e da forma com que você se dispunha a me ouvir, sem preconceito e da forma mais compreensível possível se indignando quando achava que as coisas eram injustas, tentando me consolar quando eu precisava sem saber que só de estar ali do meu lado já era consolo, o melhor consolo que alguém poderia me dar...

Saudade da tua inocência e do teu medo de palhaço que me faziam rir tanto e esquecer dos problemas, das tuas crises que me deixavam tão preocupada, fazendo-me sentir tua mãe e querer bater muito em quem te magoava, dos teus pensamentos tão bobos e engraçadíssimos que você expunha de uma forma tão natural que ficavam mais engraçados ainda, do teu jeito lindo e simples, sem problemas e calma que de repente estourava intensamente...

Ai que essa saudade eu queria matar e nunca mais sentir
Matar bem matado pra não ter nem como ressuscitar
Sufocar de um jeito que não achasse mais nenhum ar
Pra depois viver todas essas coisas de novo
Todos os dias, até entediar
Porque até no tédio é bom ficar com vocês
Repetidamente
Infinitamente

2 comentários:

  1. a vida passa e muitas vezes nos distanciamos de quem amamos.

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  2. Que texto bonito!

    É difícil olhar pra trás e ver que tem algumas coisas que quando são quebradas não dá mais pra consertar... que por mais que vc cole os pedaços ainda vai haver pequenas marcas da queda que os partiu...

    amar até ao tédio alguém é a mais prova de amor que alguém pode dá... isso já vale...

    sem mais...

    ótimo domingo

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