quarta-feira, março 23, 2011

Tempo, sempre o mesmo

Acho sim que o Tempo é cíclico
passa e volta constantemente
vestido de passado e depois se fantasia de futuro.
Não há passado, nem futuro
é sempre o mesmo Tempo.
Nós é que mudamos
na mesma velocidade que nossas células morrem.

Nossos olhos são tingidos todos os dias
pelas tintas dos acontecimentos que o Tempo trás.
Às vezes rouba os momentos e às vezes te dá de novo
mas aí você já não é o mesmo
e o momento já não será o mesmo.

Aqui não há mais do mesmo (Renato Russo)
Aqui há mais do Tempo




Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não pára
Não pára, não, não pára
Composição: Cazuza / Arnaldo Brandão

 

segunda-feira, março 21, 2011

Adeus passado

Passado: Olá, vim trazer-te não boas novas, mas velhas más.
Vi tudo. No começo, me entristeci com coisas erradas que tinha feito. Doeu.
Não foi um convite à loucura e sim à sanidade. Fui puxada para o passado.

Passado:  Enxerga aquele ponto? Graças a ele não ries mais daquele detalhe ou deste.
Foi sufocante e desesperador em alguns momentos ver o meu espelho de ontem.
Não foi uma visão de uma segunda oportunidade que eu viria a ter e sim uma constatação do que eu escolhi ser, do que eu deixei de lado para me tornar o que sou.

Passado:  Olhe aquele detalhe.
A agonia terminou e eu consegui ver também as coisas maravilhosas.
Revivi momentos inesqueciveis de felicidade, alegrei-me com lembranças doces e coloridas.

Passado: Olhe o que tens nas mãos.
Até o momento de olhar para o espelho de hoje, ver como construí esta minha imagem de agora.
Ver traços que apaguei e linhas que coloquei em negrito, outras que eu mesma resolvi desenhar.

Eu: Tudo bem, já entendi.
Estava na hora de desgarrar e olhar pra frente.

Eu: Vá embora passado. Você tem que ir para que eu possa receber o futuro.
Construir o passado de hoje. O que quebrou, quebrou. As feridas já cicatrizaram. Se houverem mais feridas por vir eu as sentirei abrir e as sararei depois, como sempre fiz. Sentirei saudades de muita coisa, mas isso só quer dizer que eu vivi e que tenho um passado pois se sinto saudade é porque se foi e se se foi é porque não teve como ficar e isso não podemos mudar.

Eu: Vá, vá, vá. Já vi o que eu precisava ver.

quarta-feira, março 09, 2011

Coisas que não deveriam passar



Saudade daqueles dias em que você segurava minha mão e nós andávamos ora conversando abrobrinhas, ora cantando por aí, tão concentradas no nosso mundo louco e divertido. As risadas eram frequentes, a cumplicidade e o companheirismo abraçava-nos carinhosamente, num abraço quente que não tinha fim, mas um dia teve. E aqueles momentos em que eu suspirava desconsolada? Você já entendia que eu não estava bem. - O que foi Taty?. Você dizia. Entendia minhas angústias. E eu? Eu tentava estar à sua altura, admirava sua inteligência e sabedoria, eu só não entendia porque você não as usava em benefício próprio, achava isso tão engraçado. Você me emprestou um pouco da sua sensibilidade, fez-me relembrar sentimentos que eu tinha esquecido, ou melhor, que eu tinha deixado de lado. Você transformou meu mundo preto e branco em uma mistura de cores interessantes e em constante movimento, feito carrossel...

Saudade das horas de conversas empolgantes que nem o sono fazia ficar desinteressante, dos segredos compartilhados, dos sonhos e planos para o futuro que combinávamos cumprir e contar depois, dos desabafos tão preciosos, dos delírios um do outro que só nós sabemos, daquilo que eu sentia enquanto nós conversávamos, aquele sentimento de... eu nem sei dizer. Dos conselhos que eu procurava seguir tão assiduamente...

Saudade dos dias de fazer tudo juntas, e falar mal dos outros juntas (não vem não que todo mundo faz isso). Saudade de ouvir os teus pensamentos assustadores que de vez em quando você compartilhava. Da tua risada e da forma com que você se dispunha a me ouvir, sem preconceito e da forma mais compreensível possível se indignando quando achava que as coisas eram injustas, tentando me consolar quando eu precisava sem saber que só de estar ali do meu lado já era consolo, o melhor consolo que alguém poderia me dar...

Saudade da tua inocência e do teu medo de palhaço que me faziam rir tanto e esquecer dos problemas, das tuas crises que me deixavam tão preocupada, fazendo-me sentir tua mãe e querer bater muito em quem te magoava, dos teus pensamentos tão bobos e engraçadíssimos que você expunha de uma forma tão natural que ficavam mais engraçados ainda, do teu jeito lindo e simples, sem problemas e calma que de repente estourava intensamente...

Ai que essa saudade eu queria matar e nunca mais sentir
Matar bem matado pra não ter nem como ressuscitar
Sufocar de um jeito que não achasse mais nenhum ar
Pra depois viver todas essas coisas de novo
Todos os dias, até entediar
Porque até no tédio é bom ficar com vocês
Repetidamente
Infinitamente