sábado, abril 21, 2012

Insone

Às 3h da madrugada ainda não dormi, nem sono tenho.
O que fazemos numa hora dessas? Pensamos sobre a vida...

Arrependo-me de algumas escolhas, mas apesar disso algumas delas me
levaram a caminhos bons, os quais me deram alegrias e tristezas.
Sinto falta de algumas coisas, de algumas pessoas e essa saudade não passa...
Acho que isso quer dizer que a vida muda todos os dias, coisas novas chegam
e ocupam o espaço das coisas que estão acontecendo.
Surgem novas expectativas devido aos novos acontecimentos e quando percebemos
estamos envolvidos com um presente quase que dissociado do passado.
Novas estruturas...

As impressões que deixamos pelos caminhos que passamos são únicas. Se não
forem boas não tem como mudá-las. É impossivel não decepcionar alguém
um dia na vida. Saber o quanto isso pesa nas costas? Saber o que fazer com isso?
E o que não fazer? Tentar corrigir? Não errar nunca mais?

Não dá pra ser perfeito. Temos que nos relacionarmos com nossas imperfeições
se queremos ser melhores.
Não dá pra esquecer
Não dá pra ignorar e fingir que não existe
O passado pode estar dissociado do presente, mas ainda existe e está logo ao lado.
Não é uma assombração é o que você fez.

Não olhemos para o lado então...? Os problemas não se resolvem desta forma.
E de que forma então?

Acho melhor parar de pensar nestas coisas. Mas isso não seria uma forma de
fugir do problema? Talvez.
Se John Lennon estiver certo, é melhor viver e parar de pensar tanto.
Estaria eu sendo negligente? Não sei.
Vou deixar isso pra amanhã porque não estou conseguindo entrar em um
acordo comigo mesma, e isso quer dizer que eu não sei a resposta.

quarta-feira, fevereiro 22, 2012

Hoje

A primeira música:
"Quando foi, quando éramos intactos amantes imaturos, fomos modernos."  Acho que do Ira

O primeiro amor:
Sofia

O primeiro pensamento:
Atividades a fazer

O primeiro ato:
Acordar o marido.

Estou meio assim, focada. Nem fria, nem romântica.
Estou meio assim, pensando no futuro, esperando minha filha nascer.
Assim desse jeito que toda mulher fica quando carrega uma vida.

sábado, janeiro 07, 2012

Confusão

Nunca a noite foi tão longa
Não pude ouvir os sons da natureza lá fora
Não pude sentir os olhos pesados
Nem o frio da noite me manteve na cama

A imensidão de dilemas era maior
Consumia todos os meus pensamentos
Me afoguei neles e nas lagimas
Me perdi tentando achar o caminho
Escolhi um, sem certeza
E o medo do que há de vir tento esquecer
Ser valente e forte para enfrentar os bichos  
(Mania de ser Fênix)

No fim, eu só sei que serei feliz a qualquer custo
Nem que eu tenha que varar o mato e abrir um novo caminho.

[Tatiana Pereira]




"Preciso de um colo que ninguém dá. Mas tudo bem."
"Ah, então foi pra ele que eu dei meu coração e tanto sofri? Amor é falta de QI, tenho cada vez mais certeza." 
Caio F. Abreu

sábado, agosto 06, 2011

E agora...

É... (respiração profunda)
As coisas têm mudado muito e me sinto distante do meu passado, me sinto diferente. Não que hoje eu tenha acordado no futuro e com uma cara diferente. Na verdade, o futuro está aqui do meu lado, olhando para mim, querendo fazer parte da minha vida, se chegando todos os dias como se fosse uma amizade nova nascendo. A questão é que eu não sei se estou preparada, na vendade eu nunca estou, vou 'metendo a cara', meio louca porque se for pra pensar muito eu não saio do lugar, desisto, tomo decisões erradas, enfim.

Com o futuro tão perto acabo olhando pro passado, é inevitál. Está chegando uma nova etapa e eu nem me despedi direito da última. Não me despedi de alguns sonhos, de algumas testemunhas (Eu não ia escrever esta palavra mas saiu e eu achei legal), de alguns episódios, de algumas manias. As despedidas são tristes, melancólicas, etc e talz... Não sei se é algo bom, isso é relativo. Então, cada um escolhe se quer ou não se despedir, mas eu não escolhi, as coisas apenas foram embora, algumas pessoas foram embora e, sobretudo, alguns valores foram embora.

Os valores - eu nunca pensei que fosse mudar tanto em relação a isso. Talvez nem tanto, mas o que mudei foi muito significativo e essencial para que houvesse espaço para este futuro que está chegando. Abri mão de alguns sonhos, não antes de vivê-los um pouco, mas... em todo caso, tive que abrir mão. Não por minha causa, mas foi necessário. Agora as coisas estão indo rumo à um lugar que eu não conheço e nem esperava ir. Não sei o que irá acontecer, meu futuro não depende mais só de mim. Mas aqui estou eu, pronta ou não, vou em frente.

quarta-feira, março 23, 2011

Tempo, sempre o mesmo

Acho sim que o Tempo é cíclico
passa e volta constantemente
vestido de passado e depois se fantasia de futuro.
Não há passado, nem futuro
é sempre o mesmo Tempo.
Nós é que mudamos
na mesma velocidade que nossas células morrem.

Nossos olhos são tingidos todos os dias
pelas tintas dos acontecimentos que o Tempo trás.
Às vezes rouba os momentos e às vezes te dá de novo
mas aí você já não é o mesmo
e o momento já não será o mesmo.

Aqui não há mais do mesmo (Renato Russo)
Aqui há mais do Tempo




Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não pára
Não pára, não, não pára
Composição: Cazuza / Arnaldo Brandão

 

segunda-feira, março 21, 2011

Adeus passado

Passado: Olá, vim trazer-te não boas novas, mas velhas más.
Vi tudo. No começo, me entristeci com coisas erradas que tinha feito. Doeu.
Não foi um convite à loucura e sim à sanidade. Fui puxada para o passado.

Passado:  Enxerga aquele ponto? Graças a ele não ries mais daquele detalhe ou deste.
Foi sufocante e desesperador em alguns momentos ver o meu espelho de ontem.
Não foi uma visão de uma segunda oportunidade que eu viria a ter e sim uma constatação do que eu escolhi ser, do que eu deixei de lado para me tornar o que sou.

Passado:  Olhe aquele detalhe.
A agonia terminou e eu consegui ver também as coisas maravilhosas.
Revivi momentos inesqueciveis de felicidade, alegrei-me com lembranças doces e coloridas.

Passado: Olhe o que tens nas mãos.
Até o momento de olhar para o espelho de hoje, ver como construí esta minha imagem de agora.
Ver traços que apaguei e linhas que coloquei em negrito, outras que eu mesma resolvi desenhar.

Eu: Tudo bem, já entendi.
Estava na hora de desgarrar e olhar pra frente.

Eu: Vá embora passado. Você tem que ir para que eu possa receber o futuro.
Construir o passado de hoje. O que quebrou, quebrou. As feridas já cicatrizaram. Se houverem mais feridas por vir eu as sentirei abrir e as sararei depois, como sempre fiz. Sentirei saudades de muita coisa, mas isso só quer dizer que eu vivi e que tenho um passado pois se sinto saudade é porque se foi e se se foi é porque não teve como ficar e isso não podemos mudar.

Eu: Vá, vá, vá. Já vi o que eu precisava ver.

quarta-feira, março 09, 2011

Coisas que não deveriam passar



Saudade daqueles dias em que você segurava minha mão e nós andávamos ora conversando abrobrinhas, ora cantando por aí, tão concentradas no nosso mundo louco e divertido. As risadas eram frequentes, a cumplicidade e o companheirismo abraçava-nos carinhosamente, num abraço quente que não tinha fim, mas um dia teve. E aqueles momentos em que eu suspirava desconsolada? Você já entendia que eu não estava bem. - O que foi Taty?. Você dizia. Entendia minhas angústias. E eu? Eu tentava estar à sua altura, admirava sua inteligência e sabedoria, eu só não entendia porque você não as usava em benefício próprio, achava isso tão engraçado. Você me emprestou um pouco da sua sensibilidade, fez-me relembrar sentimentos que eu tinha esquecido, ou melhor, que eu tinha deixado de lado. Você transformou meu mundo preto e branco em uma mistura de cores interessantes e em constante movimento, feito carrossel...

Saudade das horas de conversas empolgantes que nem o sono fazia ficar desinteressante, dos segredos compartilhados, dos sonhos e planos para o futuro que combinávamos cumprir e contar depois, dos desabafos tão preciosos, dos delírios um do outro que só nós sabemos, daquilo que eu sentia enquanto nós conversávamos, aquele sentimento de... eu nem sei dizer. Dos conselhos que eu procurava seguir tão assiduamente...

Saudade dos dias de fazer tudo juntas, e falar mal dos outros juntas (não vem não que todo mundo faz isso). Saudade de ouvir os teus pensamentos assustadores que de vez em quando você compartilhava. Da tua risada e da forma com que você se dispunha a me ouvir, sem preconceito e da forma mais compreensível possível se indignando quando achava que as coisas eram injustas, tentando me consolar quando eu precisava sem saber que só de estar ali do meu lado já era consolo, o melhor consolo que alguém poderia me dar...

Saudade da tua inocência e do teu medo de palhaço que me faziam rir tanto e esquecer dos problemas, das tuas crises que me deixavam tão preocupada, fazendo-me sentir tua mãe e querer bater muito em quem te magoava, dos teus pensamentos tão bobos e engraçadíssimos que você expunha de uma forma tão natural que ficavam mais engraçados ainda, do teu jeito lindo e simples, sem problemas e calma que de repente estourava intensamente...

Ai que essa saudade eu queria matar e nunca mais sentir
Matar bem matado pra não ter nem como ressuscitar
Sufocar de um jeito que não achasse mais nenhum ar
Pra depois viver todas essas coisas de novo
Todos os dias, até entediar
Porque até no tédio é bom ficar com vocês
Repetidamente
Infinitamente

quinta-feira, fevereiro 24, 2011

I'm gonna win


Eu tenho medo

Eu tenho medo de ficar sozinha
Eu tenho medo de me machucar
Eu tenho medo de errar
Eu tenho medo de me equivocar na hora de escolher
Eu tenho medo de não conseguir ser fiel a quem me faz bem
Eu tenho medo de trair a confiança de alguém
Eu tenho medo de não conseguir realizar meus sonhos
Eu tenho medo de que não confiem em mim
Eu tenho muito medo de perder minha mãe
Eu tenho medo de não ser capaz

Mas...

O medo nunca foi um obstáculo pra mim, ele sempre foi como um incentivo, um desafio. Um medo novo é uma batalha nova, um medo novo se tornará mais uma vitória, será uma vitória que contarei para o meu filho, com medo de que ele não entenda ou não absorva o ensinamento, mas nem por isso deixarei de tentar, lutar. E tenho certeza de que sempre vencerei porque farei tudo 'em nome de Jesus', meu libertador, curador, salvador, quem me ensinou a VENCER.

domingo, fevereiro 20, 2011

Essência






As coisas passam. Os acontecimentos pulsam todos os dias, ao mesmo tempo, junto com meu coração, sem que eu tenha controle disso. E todos os dias eu me perco um pouco nestes acontecimentos, as vezes tanto que até esqueço de mim, do que eu sou e do que eu quero.


Textinho escrito em Julho de 2010

quinta-feira, fevereiro 17, 2011

Felicidade


As coisas que mais desejamos só acontecem
quando achamos que não irão mais acontecer
Surpreendendo-nos, encantando-nos, roubando-nos o fôlego
Foi à primeira vista
Lindamente brega, do jeito que só o amor pode ser
Arrebatadoramente romântico, do jeito que toda mulher sonha
Sutilmente perfeito, como a disposição dos astros no céu
Foi tudo muito simples
Porque foi Deus quem determinou e assim será!

sábado, fevereiro 12, 2011

Catedral - É tão Normal ser Feliz



Teu coração, mexeu com o meu
O amor encheu todo ar
É bom te ver, sorrir também
É tão normal ser feliz

Quando alguém ama outro alguém
E este alguém o ama também
A razão perde para a emoção
Quando Deus é o centro então
Neste amor tudo é maior
A emoção não acaba com a razão

Meu coração eu te entreguei
Teus olhos são meu olhar
É bom te ver sorrir também
É tão normal ser feliz

Quando alguém ama outro alguém
E este alguém o ama também
A razão perde para a emoção
Quando Deus é o centro então
Neste amor tudo é maior
A emoção não acaba com a razão

Meu coração eu te entreguei
Teus olhos são meu olhar
É bom te ver sorrir também
É tão normal ser feliz


Ah o amor...

quarta-feira, fevereiro 09, 2011

Lágrimas de pintor



Imagem feita por Franz Tagore, meu fotógrafo preferido.


Ainda que figueira não floresça
Ainda que a videira não dê os seus frutos
Mesmo que não haja alimentos nos campos
Eu me alegrarei em ti, Jesus!

terça-feira, fevereiro 08, 2011

Aflições

Acordei hoje desejando ser invisível
Só o cheiro do pão me fez sair da cama
Talvez hoje eu encontre algo amável
Que me faça fantasiar alegrias
Está aí, mais um dia

Ontem não aconteceu nada de extraordinário

Apenas as expectativas me faziam companhia
Mas hoje não, hoje é um novo dia

Não me importo se a vizinha queria que eu
fosse como a filha dela
Se minha tia queria que eu soubesse cozinhar
Se minha vó não acreditava que eu pudesse
ter uma profissão
Nada disso me afligia

Só a incompreensão que eu não sabia de onde saía
Que ecoava toda vez que eu buscava um por quê
Que crescia, e cresce, toda vez que encontro uma resposta
E me confunde quando percebo que sempre há algo a mais

Hoje sei que é isso que me aflige e me consome
Como sede, como fome
Esse 'algo a mais' que alimenta a minha curiosidade
Que me faz querer crescer
Querer saber, saber, saber

É disso que eu tenho vivido

quarta-feira, outubro 27, 2010

Descobrir-se

Já tive vontade de formar uma fortuna, mas dinheiro não é o meu negócio
Já tive vontade de ir para uma tribo indígena, mas lá não tem rock
Já tive vontade de deixar a matemática, mas ainda não resolvi a equação da minha vida
Já tive vontade de dançar, mas não tenho parceiro
Já tive vontade de morar na mata, mas tenho medo de aranha, cobra...
Já tive vontade de ficar careca (quase fiquei), mas como balançar os cabelos ao vento?
Já tive vontade de ter um carro, mas assim não encontraria tantas pessoas legais no ônibus todos os dias
Já tive vontade de florir meu quintal, mas as flores são caras
Já tive vontade de sorrir pra todo mundo, mas a malícia das pessoas me sufoca
Já tive vontade de voar, mas o ar é muito poluído
Já tive vontade de amar intensamente, mas ninguém mais sabe amar
Já tive vontade de ter muitos amigos mas eles estão distantes de si mesmos
E agora...
Já não sei do que tenho vontade
Já não sei o que quero saber
Mas essa é a melhor parte
To tentando construir minha arte

texto escrito em 2009

Hoje eu já sei do que tenho vontade
Hoje eu sei o que quero saber
Parece que terminou, mas ainda estou na melhor parte: estou descobrindo a construir minha arte

domingo, julho 11, 2010

Samanta

Fábio atravessava a rua todos os dias no mesmo ponto da cidade, via as mesmas mulheres - uma mais bonita que a outra, dizia consigo mesmo -, assistia o mesmo canal de TV, comia as mesmas comidas preferidas, ouvia as mesmas músicas e vestia sempre primeiro a meia do pé esquerdo. Fazia as coisas meio que mecanicamente, uma prova viva do filme "Click", a diferença é que ele gostava do caráter rotineiro de sua vida. Tinha uma obsessão particular que era também uma diversão, observava o sorriso de todas as mulheres que encontrava, queria ter o sorriso mais bonito para si, não se importava com o resto, queria o sorriso e o Coringa era uma versão distorcida e de muito mau gosto de toda subliminar beleza do sorriso.

"Mas que viagem infeliz", saiu murmurando do escritório do chefe. Tão apegado a sua rotina, detestava essas viagens imprevisivas que seu chefe inventava, mas não podia ser diferente já que era um homem atento aos detalhes, cuidadoso, responsável e outras características que toda pessoa perfeccionista como ele tem, o funcionário certinho que todo chefe confia. Desta vez seu chefe tinha absurdamente passado do ponto:

"O Ricardo terá que ir com você, ele é o técnico responsável pelos equipamentos e você irá dirigir o negócio".

"Me mata logo", ainda se queixava. Teria que dividir o quarto do hotel com o tal de Ricardo que atrapalharia toda a sua sagrada rotina e pensava a todo instante que morreria ou mataria o outro. No final, não sabia se tinha pânico ou raiva.

"Mas isso vai ficar aí? Tem que por na mesa.", perguntou Ricardo sobre o equipamento de informática que havia ficado no chão dando lugar aos utensílios de seu quase ritual, o máximo que Fábio conseguia manter estando tão longe de casa.

"É." Limitou-se a responder.

Ricardo conhecendo seu 'jeitão esquisito' - assim que o descreviam na empresa - não tentou argumentar e fazia de tudo para ignorar as manias do administrador, abria a janela do hotel de manhã cedo, fazia suas calóricas refeições fora de hora e mexia com as moças que passavam por perto, enfim... Estava viajando a trabalho, mas não deixou de aproveitar. Fábio, enquanto não estava tratando dos negócios pensava em como não deixar o colega atrapalhar sua rotina e assim foi toda a viagem.

Duas semanas depois: "Fábio, a nossa filial na Espanha solicitou ... e você será o encarregado, desta vez quem irá auxiliá-lo é a minha esposa, ela é especialista na área que eles estão precisando."

"Vou incomendar meu caixão." pensou fazendo força para não demonstrar o descontentamento que sentia. Viajar era ruim, acompanhado pior, de uma mulher então era o fim. As vezes era tão pessimista quanto perfeccionista. Chegou a pensar em pedir demissão, mas tentou se acalmar e sugeriu que outro fosse em seu lugar.

"O que há? Você que é o meu homem de confiança e eu mesmo iria, mas a empresa tem umas demandas neste momento que me impossibilita a saída. Já pedi a secretária que compre as suas passagens e as passagens de minha esposa, vocês vão na quinta."

Estava ficando triste, mal tinha chegado de uma viagem ruim e já tinha que ir para outra, talvez pior. Fez a mala como se estivesse indo para o corredor da morte. E se acaso atrasasse? Poderia haver um acidente no caminho para o aeroporto que resultou num engarrafamento e causou o atraso, assim começou a maquinar uma desculpa para um futuro atraso. Mesmo pensando em várias possibilidades, não conseguiu, chegou ao aeroporto na hora certa, apesar de olhar para todas as direções procurando um acidente aqui e ali, mas parecia que todos haviam resolvido ser prudentes no trânsito aquele dia numa sórdida conspiração contra ele.

O chefe ainda não tinha chegado com a esposa. Começou a imaginar como ela poderia atrapalhar seus hábitos, desta vez não ia ter que dividir o quarto mas achava que ela iria querer que ele a levasse para fazer compras, fazer o cabelo, visitar lugares importantes para depois fazer inveja às amigas, essas coisas de mulher. Solução: contratar um motorista, sairia do seu bolso, no entanto, seria um dinheiro bem gasto, tudo em nome do sossego. Pensou afinal que a viagem poderia não ser tão ruim, só tinha agora que pensar numa forma de mantê-la calada, mulher fala muito.

Piscou os olhos várias vezes, achou que estava tendo uma alucinação. Custou a acreditar. A coisa que Fábio mais procurou em toda sua vida ali ao lado de seu chefe. Perguntem como era o cabelo dela, a cor dos olhos, até o tom da pele que Fábio não saberia responder, ele só viu o sorriso.

"Olá Fábio, não nos atrasamos né?"

Fábio nem ouviu o que seu chefe disse.

"A senhora tem um sorriso lindo!", dirigiu-se à mulher maravilhado. Ela sorriu desconfiada e lançou um olhar indagativo ao seu marido, pois tinha notado que Fábio não o havia cumprimentado.

"Todos dizem o mesmo, ainda bem que eu vi PRIMEIRO!" Deu ênfase ao 'primeiro' no que parecia ser uma mensagem subliminar que dizia: 'é minha e ninguém tasca'.

"Bom dia senhor." Respondeu finalmente voltando a si.

Embarcaram. Olhava para ela incessantemente, disfarçando o máximo que podia. 'O que fazer agora? Ela é a mulher da minha vida, o sorriso mais lindo, Da Vinci teria pintado ela ao invés da Monalisa, ela é perfeita e... também a esposa do chefe'. Dilema cruel. 'Será que ela percebeu o quanto me fascina?' 'Será que ela irá me corresponder?' 'A levarei aonde ela quiser.'

Samanta era uma mulher discreta, sem muitos caprichos e objetiva. Ao contrário do que Fábio pensara, não foi fazer compras, ao salão ou as outras coisas que ele havia previsto, o que o deixou triste porque com tal beldade ele passearia e até quem sabe tiraria umas fotos. Claro! Fotos só de rosto. Perguntava sempre se ela queria algo, queria ser útil a tão estimada senhora, mas ela dizia que não. "Ô mulher sem vontade", chegou a reclamar baixinho, impaciente por uma brecha, uma oportunidade de se aproximar.

No dia seguinte ela estava atrasada, a reunião na filial seria dali a uma hora. Bateu na porta do quarto e ninguém respondeu. Estava ficando preocupado. A camareira que passava no corredor parou perguntando:

"Porque bate nesta porta? Já não há hospides aí."

'Como assim? Não pode ser. Onde ela está?' As perguntas iam pipocando em sua mente e a preocupação só aumentava.

"Ela saiu no meio da madrugada às pressas, deixou a conta de vocês dois paga." Disse o funcionário do hotel.

Não estava entendendo mais nada. Será que ele havia feito algo errado? Nunca se perdoaria. Bom, tinha que ir à reunião. Chegou à empresa filial e notou um clima estranho, todos sérios, poucas palavras. 'Eu lamento', ouviu alguém dizer. O pânico estava tomando conta dele até que perguntou a um dos funcionários:

"O que está acontecendo? Estão todos tão sérios..."

"Então você não sabe? O filho do dono da empresa sofreu um aciedente e morreu."

Fábio ficou inconsolável. Todos o admiraram por ser tão solidário à dor do próprio chefe. Ele pensou: 'O filho dela morreu, ela nunca mais vai sorrir'.

sábado, julho 10, 2010

Noite, Dia

A noite é bonita, fria também e silenciosa. Ah é! Todos sabem isso, mas poucos param para sentir a noite. Todos sabem porque os outros falaram, mas a maioria nunca passou uma noite em claro olhando o escuro ou ouvindo o barulho dos bichos, hoje eu fiquei. Ouvi até um jumento relinchando, vi os grilos pulando nas árvores, senti o frio da noite que de jeito nenhum traz solidão (isso é coisa de coração ferido) e agora... o dia está clareando.
Enquanto a noite traz paz e tranquilidade, o dia traz calor e vida e a cada amanhecer a esperança se renova como uma flor que brota com a aurora.
Não! Nâo tape meu Sol, não impeça que eu receba este calor que emana do meu Pai. Ningu
ém pode tirar isso de mim nem o aconchegante frio da noite, nem o brilhante calor do dia.

PS: A parte que o c
éu fica um mix de amarelo terra, laranja e vermelho fogo é que é mais bonita. Renova as esperanças e aquece o coração.

quarta-feira, junho 02, 2010

Coisas de insônia

Ainda que as lembranças não lhe doam tanto como antes, há na mente a nostalgia que transforma os dias em preto e branco.
1, 2, 3.. Conta as batidas do coração, conta as tábuas da parede, conta as variações das cores nos móveis, conta os galhos das árvores, conta tudo. Conta tudo numa incessante compulsão que lhe preenche os momentos vazios.
Ainda procurando seu verdadeiro caminho, e neste compreender os seus anseios, desabafar as suas imcompletudes, vagar nas suas perguntas e parar (quem sabe), no que poderia ser a luz, luz da sua essência que brilha não sabe como. Só brilha.

--Brilho da lua cheia, brilho do sol, das estrelas.


Assim fala e clama, na esperança de ser ouvida e compreendida. Não sabe ela que está tudo ali bem, ao seu lado, tudo que ela quer, esperando que ela aprenda a ver e sentir.
Quem sabe... Se se deixasse a mente fluir. Era só disso que precisava para se sentir bem (ou não). Nunca sabia ao certo o que precisava. Talvez precisasse conhecer a si mesma e só então saber realmente do que precisava, seria o primeiro passo para tudo. Ao menos já sabia o que a fazia bem naquele momento.

quarta-feira, maio 26, 2010

Questionamentos

"-- Muitos dançam sobre o solo,
Mas não na pista do autoconhecimento.
São deuses que não reconhecem seus limites.
Como poderão se achar se nunca se perderam?
Como serão humanos se não se aproximam de si?
Quem são vocês? Sim, digam-me, quem são?"
Augusto Cury